FMI eleva as previsões de crescimento dos Estados Unidos para os anos de 2019 e 2020
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou as previsões de crescimento de 2019 e 2020 para os Estados Unidos, alertando no entanto sobre as consequências danosas da guerra comercial sino-americana. A instituição com sede em Washington, que havia reduzido em abril suas previsões, agora calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) americano crescerá 2,6% (+0,3 ponto) este ano e 2% (+0,1 ponto) no próximo ano.
De acordo com o Fundo, o estímulo fiscal implementado entre 2017 e 2018 ajudou a levar a um crescimento de 2,9% no ano passado mas, conforme os efeitos desse estímulo se enfraquecem, a expansão deverá voltar a gravitar em torno de 1,25%.
“Os riscos são globalmente equilibrados”, diz o FMI em seu relatório anual sobre a maior economia do mundo.
Em julho, observa, os Estados Unidos terão registrado o maior período de expansão de sua história, enquanto a taxa de desemprego permanece excepcionalmente baixa, e até sem precedentes em 50 anos.
Em uma nota menos otimista, o FMI observa que um agravamento das disputas comerciais, ou uma reversão abrupta das condições nos mercados financeiros, representam riscos significativos para a economia americana. E ressalta que a preocupação dos mercados e potencial reversão estão precisamente ligadas às incertezas comerciais.
“Os benefícios deste crescimento registrado na última década não foram amplamente compartilhados”, constata o FMI. O PIB real per capita está no seu nível histórico mais alto, mas um conjunto de indicadores sociais dá uma imagem mais preocupante.
Nota, em particular, o declínio da expectativa de vida, que é bem inferior a de outros países do G7.
“A renda média das famílias americanas, ajustada pela inflação, é hoje apenas 2,2% maior que a registrada no final dos anos 1990. E isso apesar de o PIB per capita ter aumentado em 23% durante o mesmo período”, explica.
Além disso, 40% dos agregados familiares mais pobres têm um nível de riqueza líquida inferior ao de 1983, enquanto uma parte crescente da população ganha menos de metade do rendimento médio. A taxa de pobreza permanece próxima da prevalecente antes da crise financeira. Quase 45 milhões de americanos vivem na pobreza.
O FMI também aponta que enquanto uma grande parte do PIB é investida na educação em comparação com os países da OCDE, os resultados na educação são “decepcionantes”.
E salienta que os alunos do ensino médio americano obtém “sistematicamente” resultados mais baixos em matemática e leitura do que a maioria dos outros países do G7. Os Estados Unidos também têm uma alta taxa de abandono escolar na universidade, de modo que menos da metade dos jovens com entre 25 e 34 anos de idade têm um diploma de graduação. Finalmente, outra fonte de preocupação: o superendividamento significativo dos estudantes.
Entre as recomendações, o Fundo sugere a introdução da licença parental remunerada, um apoio às famílias de baixa renda para cobrir as despesas com cuidados infantis e dependentes, e o aumento do salário mínimo federal.
Fonte: France Presse